Um problema: a tentação da omissão. Temo que o inconformismo seja vencido pelo cansaço, que a paixão seja esfriada pela indiferença e a luta abandonada pela decepção. Sim, é um problema geral se acostumar em apenas lamentar a desgraça até o lamento se calar cheio de boas justificativas pra se conseguir cantar um hino sem remorso no domingo.
Um agravante: a fragilidade epistemológica. A indução da realidade virtual no mundo real. Por um lado há a riqueza da comunicação digital e suas possibilidades e por outro há a pobreza da comunicação digital e suas artificialidades. Por um lado a velocidade e o alcance ajudam a engajar, mobilizar, envolver muitas pessoas em missões e projetos muito importantes, por outro lado a velocidade e o alcance dificultam a respiração, sufocam e comprometem a percepção mais profunda do outro, dos fatos, dos valores, do mundo.
Uma consequência: nunca vamos conhecer o calor do solo de barro se sempre viajarmos em jatos plastificados. Estamos devagar demais porque estamos indo rápido demais. Empobrecemos ignorando tantas riquezas, definhamos nas sombras diante de tantos raios de luz, anestesiamos aos poucos cada parte de nós do simples toque. Tanto barulho nos ensurdece, tanto contato nos isola.
Um desafio: é preciso parar, desacelerar, artesanar, descalçar os pés, andar, se sentar, olhar nos olhos, sorrir, chorar, pensar, avaliar, repensar, reavaliar. Silenciar, mutar, sair de muito pra conseguir de fato entrar em poucos.
Um caminho: há um único caminho, redesenhar nossa vida em volta de Cristo, reconfigurar nossa liturgia diária em função do Criador, organizar nossa vida em volta dEle, seu livro, suas palavras, valores. Ouvi-lo, falar com Ele. Se entender como parte da missão dEle. Orbitar cada aspecto de nossa vida em volta dEle. Se comunicar, se relacionar, se cuidar, se desenvolver, se empenhar para a glória dEle. A genuína vida cristã é a única saída para nos libertarmos de uma rede de bilhões de usuários mergulhados numa grande e fatal mentira sobre tudo. Viver para Cristo é a única forma de ancorarmos nossas vidas na realidade e na verdade.
Um grande encontro libertador: muitos propagam que as cadeias que encarceram a nossa alma nas sombras são apenas religiosas, mas as cadeias estão em tudo, porque tudo é religioso. A libertação não está numa razão emancipada de anseios religiosos e primordiais presentes em todos nós, mas no supremo encontro com o único e verdadeiro Deus no meio de tantos deuses falsos.
Um maravilhoso destino: Deus é o destino glorioso. Nada poderia ser maior e melhor. Ele é a resposta para as verdadeiras dúvidas que estavam por trás de todas as nossas perguntas. Ele é a lógica procurada em todos os nossos cálculos. Ele é o Descanso que toda alma humana procura.
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim.”
João 14.6
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